ARTES VISUAIS
Todo o prédio do Centro Cultural Oi Futuro, no Flamengo, no Rio de Janeiro, será ocupado por aproximadamente 80 trabalhos de 15 artistas mulheres da Argentina e do Brasil
Produzidas em dois momentos – antes e durante a pandemia – as obras afirmam a potência feminina na arte
“’Una(S)+’ é a exposição ideal para abrir a programação 2021 do Oi Futuro, já que nasce de três elementos que são fundamentais no momento que estamos vivendo: coletividade, diversidade e diálogo. É uma grande coletiva que fortalece o feminino no mundo das artes visuais e não deixa de ser simbólico, nesse tempo de fronteiras fechadas, fortalecer a troca entre artistas de países diferentes”, diz Roberto Guimarães, gerente executivo do Cultura do Oi Futuro.
A exposição traz dois momentos dos trabalhos das artistas: os selecionados por serem emblemáticos de suas trajetórias e os criados durante o confinamento em suas casas, em que não dispunham da estrutura do ateliê e nesta condição “ampliaram seus campos de trabalho e ousaram lançar mão de novas linguagens, materiais, tecnologias e redes para romper o isolamento e avançar por territórios tão pessoais quanto universais: a casa, o corpo e o profundo feminino”, explica Maria Arlete Gonçalves. “São obras de artistas de gerações distintas e diferentes vozes, a romperem as fronteiras geográficas, físicas, temporais e afetivas para somar potências em uma grande e inédita ocupação feminina latino-americana”, assinala a curadora. Prevista inicialmente para maio de 2020, e adiada duas vezes por conta do coronavírus, a exposição “ganhou um caráter mais amplo, ao incorporar o estado quarentena da arte”.
Maria Arlete complementa: “Poderíamos classificá-la como antes e durante a pandemia, AP e DP, não fosse este um tempo de suspensão, onde tudo se encontra em um eterno agora”. “A exposição é o desdobramento expandido da mostra de mesmo nome realizada em 2019 em Buenos Aires pela artista portenha/carioca Ileana Hochmann, a partir de sua instalação “Fiz das Tripas, Corazón”.
As artistas que integram a exposição são, da Argentina: Fabiana Larrea (Puerto Tirol, Chaco), Ileana Hochmann (Buenos Aires), Marisol San Jorge (Córdoba), Milagro Torreblanca (Santiago do Chile, radicada em Buenos Aires), Patricia Ackerman (Buenos Aires), Silvia Hilário (Buenos Aires); do Brasil: Ana Carolina Albernaz (Rio de Janeiro), Bete Bullara (São Paulo, radicada no Rio), Bia Junqueira (Rio de Janeiro), Carmen Luz (Rio de Janeiro), Denise Cathilina(Rio de Janeiro), Evany Cardoso (vive no Rio de Janeiro), Nina Alexandrisky(Rio de Janeiro), Regina de Paula (Curitiba; radicada no Rio de Janeiro) e Tina Velho (Rio de Janeiro).
Maria Arlete Gonçalves destaca que esta exposição “não trata apenas de mostrar obras de mulheres, mas de afirmar na força desse conjunto a potência feminina na arte contemporânea”. “Ao longo dos séculos houve um apagamento da mulher na arte, e agora não estamos mais no tempo de pedir licença, de reivindicar, mas de afirmar algo que já é. As mulheres nunca produziram tanto! Durante a pandemia, a mulher se aproximou mais ainda da tecnologia, se apropriou das ferramentas, novas linguagens”, afirma. A curadora diz que buscou a “interseção do feminino dentro do trabalho dessas artísticas”. “Faltam mais referências femininas na história da arte, e a mostra busca preencher lacunas”, diz. “Una em espanhol é alguma, aquela uma, e também nos dá a ideia de unir, juntar”.
FIZ DAS TRIPAS, CORAZÓN
Em 2019, a artista portenha/carioca Ileana Hochmann, a partir de sua instalação “Fiz das Tripas, Corazón”, em Buenos Aires, convidou artistas contemporâneas da Argentina e do Brasil, baseadas no Rio de Janeiro. “A repercussão, o diálogo e a integração geradas pelas obras de mulheres em Buenos Aires e Rio de Janeiro, duas cidades próximas, hermanas, mas ainda distantes em matéria de trocas artísticas contemporâneas, despertou nas próprias participantes e nas redes sociais a pergunta ‘quando a mostra irá para o Brasil?’”, lembra Maria Arlete Gonçalves. “Não há conexão entre os circuitos de arte do Brasil e da Argentina, e entre Brasil e o restante da América Latina. A exposição busca colaborar com este diálogo e consolidar no Rio a outra ponta da ponte artística, lançada em Buenos Aires, entre os dois países”.
A curadora destaca que acompanha o trabalho de Ileana Hochmann desde os anos 1970. Nascida em Buenos Aires, a artista veio com a família para o Rio na infância, e na adolescência cursou a Escola Nacional das Belas Artes e teve aulas de desenho com Ivan Serpa e de gravura com Eduardo Sued, no MAM, elegendo a serigrafia como seu meio de expressão, criando novas abordagens e suportes, como acetatos industriais e materiais naturais e orgânicos, saindo da superfície plana para a tridimensionalidade. Nos 1990 deu aulas na EAV Parque Lage sobre serigrafia em vários tipos de matrizes. Mudou-se para Buenos Aires em 2001, mas manteve as conexões com o circuito da arte carioca.
Sobre Maria Arlete Gonçalves
Jornalista e publicitária pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Maria Arlete Gonçalves dirigiu o Museu do Telephone de 1997 a 2000. Em 2001, participou da criação do Instituto Telemar, atual Oi Futuro, onde atuou como diretora de cultura por 12 anos. Em 2013, desligou-se da direção do Oi Futuro e criou a MAG Consultoria, voltada para institutos, fundações, organizações, artistas e coletivos na criação, desenvolvimento e implantação de ações estratégicas nas áreas da economia criativa, com ênfase na cultura, arte, comunicação e sustentabilidade. Desde então, entre outras atividades, fez a conceituação e o desenvolvimento do programa de arte/educação da Casa Roberto Marinho; a curadoria e elaboração da e-trilha Eu, Cultura, do Instituto Natura; planejamento de comunicação e conteúdo do Instituto Brasileiro do Audiovisual/ Escola de Cinema Darcy Ribeiro; e consultoria e elaboração do programa MAR+5 do Museu de Arte do Rio. Em 2018 foi curadora da exposição “Celacanto”, do fotógrafo Odir Almeida, no Oi Futuro, no Rio, e em 2019 foi cocuradora da exposição “Una(S)”, em Buenos Aires. Em 2019, participou da elaboração do Plano de Trabalho MAR/BNDES, para a criação da Bienal Internacional do Rio – Arte, Natureza,Tecnologia.
Sobre o Oi Futuro
O Oi Futuro, instituto de inovação e criatividade da Oi, atua como um laboratório para cocriação de projetos transformadores nas áreas de Educação, Cultura e Inovação Social. Por meio de iniciativas e parcerias em todo o Brasil, estimulamos o potencial dos indivíduos e das redes para a construção de um presente com mais inclusão e diversidade.
Na Cultura, o instituto mantém o Centro Cultural Oi Futuro, no Rio, com uma programação que valoriza a produção de vanguarda e a convergência entre arte contemporânea e tecnologia. O prédio centenário também abriga o Musehum – Museu das Comunicações e Humanidades, com um acervo de mais de 130 mil itens, que usa interatividade e ambientes imersivos para conta a história do desenvolvimento tecnológico das comunicações a partir da ótica das relações humanas. O Oi Futuro gerencia há 16 anos o Programa Oi de Patrocínios Culturais Incentivados, que seleciona projetos em todas as regiões do país por meio de edital público. Desde 2003, foram mais de 2.500 projetos culturais apoiados pelo Oi Futuro, que beneficiaram milhões de espectadores. O instituto também criou e mantém o LabSonica, laboratório de experimentação sonora e musical, sediado no Lab Oi Futuro, o Oi Kabum! Lab, que promove a formação de jovens de periferia no campo da arte e tecnologia e a curadoria de projetos de intervenção artística urbana, e o Programa Pontes, que apoia festivais artísticos de todo o país, em parceria com o British Council.
Serviço: Exposição “Una(S)+”
Oi Futuro
Visitação pública: 13 de janeiro a 28 de março de 2021
Rua Dois de Dezembro 63, Flamengo, Rio de Janeiro
Serão observados todos os protocolos de segurança sanitária, com visitação por agendamento.
Informações e agendamento: https://oifuturo.org.br/reaberturacentrocultural ou pelo telefone 21.3131.3050
Entrada gratuita
Orientações de visitação: as visitas são gratuitas e deverão ser agendadas previamente online ou por telefone e nos seguintes horários: 11h-13h; 13h30-15h30; 16h-18h, de quarta a domingo; o uso correto de máscara (cobrindo nariz e boca) é obrigatório durante todo o tempo da visita; cada visitante pode permanecer até duas horas no Centro Cultural Oi Futuro, com acesso permitido às galerias, banheiros, Musehum, bistrô e terraço; será exigido na entrada o comprovante de agendamento e documento de identificação; é necessário manter a distância de 1,5 metro de outros visitantes que não sejam do seu grupo familiar e respeitar a sinalização de fluxo de entrada e saída indicados pelo prédio; haverá medição de temperatura na entrada e tapete sanitizador.