POESIA
Ontem enquanto dormia entre sombras
Muitas vozes espreitavam minha tranquilidade
E meu fogo interior
Queimava minha esperança
Gritos de ódio apagavam minha memória
Entre sombras de monstros me desenhava
Corria, mas meus pés descalços
estáticos ficavam
Me sujeitava forte à tua casa
Mas tsunamis de medos
Me encurralavam,
me sussurravam,
me abarrotavam,
me confundiam
Como sair deste inferno?
Como apagar o tremor que me expropria?
Como recuperar a alegria que me invade?
Quando o sentido de viver não estava ausente
Nunca tão presente, mas sempre latente
A ausência tenho presente,
porém distante,
A vida a vivo,
Porém não a sinto
O tempo parece apagado,
porém adiantado
Hoje ao sentir a ausência da minha vida
Avivei o amor da ilusão
Acendi o fio do meu espírito
Escutei minha mais bela intuição
Guardei minhas feridas banhadas de sangue
Limpei meus olhos ofuscados pelo lodo
Acariciei o templo que meu útero sustenta
Curei a árvore que ancora minhas raízes e ancestralidade
Armazenei as folhas que desenham minha história
Guardei minhas mais belas lembranças
e caminhei sem olhar para trás
Olhando o horizonte,
Entre o céu azul que me ampara,
o sol que me exalta,
Vejo o tempo transcorrer através do acontecer do meu povo
Belas são as ruas onde eu me regozijava
Belos são os sinos que ressoam ao horizonte
Adoráveis aromas invadem meus sentidos
Corações se desprendem dos seres que me amam,
e voam até se encrustarem em meus ossos
Hoje quero voltar para o meu sentido da vida
Hoje quero descer das montanhas
Recuperar minha ausência,
mas deixar flutuar o tempo,
para que possamos pausar a ausência,
que hoje me invade,
mas não para apropriar-se,
e sim para sarar e reinventar-me
Traduzido do espanhol para o português por Nathália Cardoso | Revisado por Tatiana Elizabeth