Depois de ser uma das nações do mundo mais duramente atingidas pela COVID-19, o Chile conseguiu se tornar um dos principais países na vacinação de sua população. De acordo com autoridades governamentais e especialistas em saúde, um dos segredos do sucesso do Chile foram as negociações antecipadas do governo com os fabricantes das vacinas. No entanto, há outro fator que contribui: o papel da diretora executiva médica, Dra. Izkia Siches Pasten.

Principal negociador com empresas para obter as vacinas contra a COVID-19, Rodrigo Yáñez, disse que o Chile entendeu desde o início que precisava trabalhar com diferentes empresas farmacêuticas ao mesmo tempo. Há quase um ano, o governo já tinha negociado contratos de fornecimento com vários fabricantes de vacinas, numa fase em que nenhuma vacina contra o coronavírus tinha sido, até aquele momento, oficialmente aprovada.

“Os chefes sempre foram homens brancos e conservadores. Sou uma mulher, de esquerda, de pele escura, de Arica, descendente do povo Aymara, com olhos pequenos, e fui para uma escola que ninguém conhece”

A diretora executiva médica, Dra. Izkia Siches Pasten, também tem desempenhado um papel importante em tornar o Chile um dos líderes mundiais na vacinação contra o coronavírus. Izkia Siches é a primeira mulher a dirigir a Associação Médica Chilena, o Colegio Médico. Por mais de 70 anos, a liderança foi dominada pelos homens. “Os chefes sempre foram homens brancos e conservadores. Eu sou uma mulher, de esquerda, de pele escura, de Arica, descendente do povo Aymara, com olhos pequenos, e fui para uma escola que ninguém conhece”, disse Izkia Siches Pasten ao jornal La Segunda em 2019. A palavra dela tem peso no grupo consultivo para o Presidente Sebastián Piñera. Como uma política independente com raízes indígenas, suas recomendações e críticas não estão sujeitas à disciplina partidária.

O Chile começou a vacinação no final de 2020. Quatro milhões de pessoas já receberam pelo menos uma dose. O objetivo é vacinar 80% dos 19 milhões de habitantes do Chile até o final de junho. No entanto, de acordo com Izkia Siches Pasten, tem sido muito importante resistir à pressão do setor privado. É essencial fornecer a maioria das vacinas através do setor de saúde pública. “Desta forma, a vacinação não se torna um negócio, mas continua a ser um serviço de saúde”, afirmou.


Traduzido do inglês para o português por Harqueline de Oliveira / Revisado por Larissa Dufner