CONTO
Por Valéria Soares
Quando menina, ouvia dizer que verde não combinava com azul. Era mau gosto usá-los. Sentia-me mal por gostar de tal combinação. Passei, então, a me considerar uma pessoa que não sabia se vestir. Sempre querendo a opinião de outros.
O problema é que eu sempre gostava do que não era usual. Chuva com granizo, vento de tempestade, silêncio ou música alta, palavras bonitas.
Meus amigos sempre incomuns. Meio rebeldes, meio artistas, bastante problemáticos, errados em quase tudo. Eu descombinava de todos, mas os amava com paixão. Enquanto eles se perdiam em suas inquietações, calava as minhas em folhas de caderno. Era a certinha, a centrada. Mas adorava verde com azul.