Dia 12 de maio, meu querido amigo Igor Russomanno faleceu na UTI do hospital de Avellino, por complicações decorrentes do Covid-19.
Ele foi um incansável ativista do Movimento Humanista. Conheci Igor no início dos anos noventa, nos encontramos pela última vez neste verão em Caposele, sua cidade natal, e durante a caminhada pelo centro tivemos uma conversa agradável: conversar com o Igor sempre foi prazeroso e estimulante.
Desde o início, ele me propôs ajudá-lo em sua missão de formar grupos do Movimento Humanista em Paris: eu tinha pouco mais de vinte anos e estava farto de Turim. Instintivamente reconheci nele meu próprio desejo pelo mundo. Ele já estava em missão na Índia há algum tempo, e dessa experiência nasceu sua tese de arquitetura sobre as favelas de Bombaim como solução extrema de habitação.
Depois da missão em Paris, me ajudou na formação de grupos humanistas em Turim nos bairros de S.Rita, Borgo Vittoria e Barriera de Milão e na gestão dos dois Centros de Comunicação Direta de S.Rita e Barriera de Milão. Sua contribuição foi fundamental na formação do grupo de militantes para a gestão dos centros, porque nos deu uma visão, nos deu a confiança na possibilidade de mudar o mundo, atividade após atividade e, fazendo isso, nos deu a possibilidade de crescer em consciência e eficácia.
Seu apoio foi fundamental também na minha posterior mudança: o início das atividades no Senegal e a definição de Campanhas de Apoio Humano na periferia de Dakar e em Luoga.
Depois nos perdemos de vista, ou melhor, paramos de fazer contato quase que diariamente: durante a primeira década dos anos 2000 meu desejo pelo mundo continuou e o Senegal absorveu minhas energias. Igor guardou as malas e talvez tenha preferido retomar o contato com as suas raízes, com Caposele, a sua cidade natal. Falava com orgulho dela e do seu aqueduto que matava a sede da sua região. Desta fase da vida do meu amigo, permanecem as suas histórias contadas nas últimas vezes que nos vimos em Avellino ou Caposele.
Sinto um pesar de não o ter ouvido com mais frequência, nem que seja para tentar devolver-lhe uma parte daquela visão que ele me deu generosamente. Uma parte que ainda atua em mim: um sinal quase tangível de que a morte é apenas uma ilusão e essa parte de nós continua a viver e agir no mundo de maneiras imprevisíveis e potencialmente infinitas.
Traduzido do Italiano por Mychelle Medeiros