CULTURA

 

Por Marrom Glacê

 

 

Reunindo variadas vertentes artísticas, Festival contempla 24 produções com 50 artistas da América Latina em mais de 30 horas de exibições virtuais gratuitas.

 

 

Imaginando novas possibilidades de mundo através da criação de artistas contemporâneos, acontece entre 23 e 27 de Junho a primeira edição do FIAR – Festival Internacional de Artes do Rio – https://www.fiar.rio.br/. Composto por mais de 50 artistas da América Latina distribuídos em duas mostras não competitivas de artes integradas – Pílulas de Confinamento e Visualidades para um Novo Mundo – o festival gratuito e totalmente virtual é idealizado por Bem Medeiros e Douglas Resende. Reunindo expressões artísticas como teatro, dança, performances, poesia, cinema, fotografia, desenho e música, o FIAR possui recursos aprovados através da Lei Aldir Blanc por meio do Governo Federal, do Governo do Estado do Rio de Janeiro e da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro.

Ao longo de cinco dias, os 24 artistas selecionados em meio aos 700 inscritos apresentarão atividades multidisciplinares que apostam no potencial inventivo da arte como um instrumento para discutir, questionar e imaginar realidades alternativas. “Dentre os critérios das convocatórias, a diversidade foi a palavra chave. Nosso desejo era ter uma programação composta por uma diversidade de regiões do Brasil e do mundo, diversidade de corpos e vivências  e também de linguagens artísticas. Ficamos muito emocionados em perceber que tantos artistas, tão diversos, tinham inquietações parecidas com as nossas”, relembra Carolina Caju, curadora do FIAR ao lado de Bem Medeiros e Renata Sampaio.

Possibilitando aos artistas a exposição de seus trabalhos de forma independente relacionando a sua própria experiência às realidades possíveis, o festival está remunerando todos os trabalhos selecionados, proporcionando distribuição de renda aos trabalhadores da arte em meio à pandemia. “Buscamos refletir sobre as dificuldades que a pandemia trazia, mas também chamar atenção para aquilo que já existia de desigual e que ela apenas reforçou. Mas, principalmente, queríamos um festival que usasse a arte para planejar e almejar o futuro. Vemos a arte como uma ferramenta transformadora para sociedade, não necessariamente só para os artistas”, pondera Renata Sampaio.

As exibições trarão à tona temas como responsabilidades individuais e sociaisidentidades múltiplas; os impactos da sociedade nos sujeitos; a importância do meio ambiente; a arte como discussão de valores éticos; e a necessidade de olhar com mais cuidado as relações sociais e a vida das pessoas. “Os artistas selecionados são representantes de todo esse grande corpo de inscritos, refletindo um futuro que não ignora os confinamentos pandêmicos e sociais, não romantiza as desigualdades e os desafios que ainda temos que enfrentar, mas que se deseja mais diversos, colorido e plural. Para nós, esta é única forma de pensar um ‘novo mundo’”, pontua Carolina.

 

Gravado no Vale do Catimbau, Lamento de Força reúne cinco travestis em cena. Foto de Anderson Dinho

 

“Foi muito curioso como algumas coisas se repetiam em vários vídeos, como se existisse um inconsciente coletivo das imagens da pandemia, uma estética da casa”, complementa Renata. O FIAR acredita, sobretudo, que a prática artística pode fornecer diferentes perspectivas e maneiras de entender a realidade, além de ser um catalisador para a imaginação coletiva e a defesa de futuros melhores e mais justos.

“Desde o início da pandemia ficamos imaginando como a arte tem sido propositiva. O que conseguimos imaginar a partir das nossas vivências de agora? Para mim, o potencial de reunir artistas nessas mostras é proporcionar diálogo e encontros frente ao momento que estamos vivendo, imaginar e desejar futuros, sempre levando em consideração tudo que estamos vivendo agora”, reflete Bem Medeiros.

“Eu penso que estreias são sopros de esperança, como os nascimentos. Um novo projeto que vem ao mundo renova a força de transformação positiva. O Festival tem a diversidade como conceito – faz parte da trajetória de todos os envolvidos. É quem somos. Acreditamos na convivência entre diferentes como potência, especialmente minorias em direitos que carregam em si o brilho de uma vida de luta e perseverança, que repercute na arte que é feita. De muita qualidade. A arte transforma, a arte perdura, a arte esteve e sempre estará!”, encerra Douglas Resende.

 

 

Em alusão a imagens bíblica, RENNA propõe ressignificar o corpo travesti. Foto de Anderson Dinho

 

 

PROGRAMAÇÃO:

QUARTA – 23/06/2021: ABERTURA

Esquenta Festival: Maybe Love e Linda Mistakes anunciam o festival, preparação com o público.

Fala de Abertura: Curadoria falando sobre o processo e trabalhos selecionados.

Abertura da Exposição “Pílulas de confinamento”: Vivemos um momento traumático no Brasil e no Mundo, e há mais de um ano ficarmos isolades se tornou a melhor forma de protegermos a nós e aos outres. Sabemos que embora estejamos todes numa mesma tempestade em alto mar, as condições dos barcos variam muito.

A Pandemia de Covid-19 ao mesmo tempo que nos unificou na frágil condição humana e nas incertezas do futuro, intensificou as diversas desigualdades que o “antigo normal” camuflava.

Pensando nisso, gostaríamos de instigar a produção de obras pensando nas seguintes perguntas: Qual é o teu confinamento? Há alguma condição, contexto, forma, em que você se sente ou já se viu confinade? A Pandemia exacerbou alguma limitação ou te mostrou que você sempre esteve confinade em algo esse tempo todo? O que é confinamento pra você? Ao todo, 12 obras foram escolhidas para integrar uma exposição virtual no site do FIAR! Além de estarem em nossas redes sociais.

Videoclipe Lamento de Força Travesti – RENNA

Setlist DJ – Eduardo Victor: Eduardo Victor é criador de conteúdo digital e midiólogo. Em suas redes, aborda de forma didática mas também descontraída, qual sua experiência no mundo enquanto uma pessoa LGBT com deficiência. Seguindo a lógica de estar tudo bem ser quem é, compartilha com seus seguidores as questões, os desafios e os aprendizados de ter uma deficiência menos visível, ainda que física.

Surgiu em 2017 na internet, através do incômodo de não se ver em nenhum lugar. Quem era a pessoa LGBT, com paralisia cerebral, que estava falando sobre a própria existência na internet? Naquele momento, não existia. E, a partir dessa inquietação, tornou-se criador de conteúdo. Hoje é a maior conta do twitter de uma pessoa com paralisia cerebral.

QUINTA – 24/06/2021 – DIA 01

Esquenta Festival: Ravena Creole anuncia o festival, preparação com o público.

Mostra Visualidades para um novo mundo: A pandemia nos pegou de supetão. Nos fez questionar nossos modos de vida, nossas estruturas e nos perguntar: o que nos reserva o futuro? O que esperamos desse futuro? O que queremos dele? A arte é capaz de transformar?

O FIAR convocou artistas para inventar esse futuro. Criar, reinventar, remodelar, vislumbrar e desejar novas possibilidades para mundos possíveis.

Foram selecionadas 12 obras de artistas visuais para integrar a programação.

– Interjeição a elétrico e articulado

– Paraquedas

– Luana Flores feat Jéssica Caitano – REZA

– 11010

– Usina Desejo

– Poema com o Cu

Aruma – Apresentação do workshop tecnologia Ancestral: Aruma, artista boliviana, responsável pelo Workshop de Criação: Tecnologia Ancestral e os participantes compartilham com o público resultados do processo artístico.

Durante o workshop, Aruma compartilhou um pouco da sua extensa pesquisa sobre as técnicas têxteis tradicionais, incluindo arte, tecnologia e natureza, e nas quais propõe uma forma de continuidade de uma cultura têxtil milenar, somando camadas/materiais advindos do universo digital.

DJ – Performance: atração surpresa

SEXTA – 25/06/2021 – DIA 02

Esquenta Festival: (atração em aberto)

Mostra Visualidades para um novo mundo: A pandemia nos pegou de supetão. Nos fez questionar nossos modos de vida, nossas estruturas e nos perguntar: o que nos reserva o futuro? O que esperamos desse futuro? O que queremos dele? A arte é capaz de transformar?

O FIAR convocou artistas para inventar esse futuro. Criar, reinventar, remodelar, vislumbrar e desejar novas possibilidades para mundos possíveis.

Foram selecionadas 12 obras de artistas visuais para integrar a programação.

– Extimo Presente

– VI100TINA

– As imagens da margem

– Lamento

– Escola em casa

– EmPulso”

Apresentação da residência – Vulknik e Gabriella Marinho: Vulknik e Gabriella Marinho compartilham com o público um pouco dos seus processos artísticos pandêmicos com insumos que mostram processos diferentes de obras que trazem boas reflexões.

Setlist DJ – DJ Drika: DJ DRIKA nasceu em 1997 e  sempre foi uma menina determinada e objetiva em alcançar os seus sonhos.

Em 2013 começou a trabalhar nos bastidores de festivais como Playground Rock Festival no Clube dos 500 e assim começou a trilhar seu caminho pela cena musical.

Em 2019 aos 22 anos de idade teve sua primeira experiência como DJ, a partir de então nunca mais parou. Hoje em dia, é DJ residente da @rcdocentenario.

Influenciada por mulheres como @unika.original, @rapplussize, @drikbarbosa, @kamilacdd, @mccaroldeniteroioficial e elementos do mundo inteiro com o intuito de enaltecer o empoderamento das Mulheres Gosta de buscar novas tendências afora, incrementa os sets desde clássicos dos anos 90 ao Afrobeat e Funk.

DJ Drika também é uma das fundadoras do Movimento @hiphopcontraomachismo e @rapresistenciaviva

SÁBADO – 26/06/2021 – DIA 03

Esquenta Festival: (atração em aberto)

Mostra Visualidades para um novo mundo:

– Luana Flores feat Jéssica Caitano – REZA

– Usina Desejo

– Paraquedas

– As imagens da margem

– 11010

– Extimo Presente”

Mesa dos Artistas: Artistas selecionados falam sobre a experiência de participar de um festival totalmente online, processo artístico pandêmico e suas obras.

Setlist DJ – Dorgo: Dorgo, é cria de Morro Agudo, Baixada Fluminense, Dj, produtor cultural, Mc e poeta.

Dorgo faz parte do Instituto Enraizados, do Estúdio Nuvem e um dos idealizadores do coletivo artístico Enraizados No Vagão, Tudo partiu do sonho de conduzir, de mixar e mesmo executando diversas atividades o disco continua sendo seu maior companheiro e discotecar a razão de continuar.

DOMINGO – 27/06/2021 – DIA 04

Esquenta Festival: (atração em aberto)

Mostra Visualidades para um novo mundo: 

– Interjeição a elétrico e articulado

– VI100TINA

– Escola em casa

– EmPulso

– Poema com o Cu

– Luana Flores feat Jéssica Caitano – REZA”

Setlist DJ + encerramento – Seabra: SEABRA começou como DJ profissional em 2017 e, reconhecendo-se como um corpo gordo e LGBT, busca a liberdade nas pistas explorando sets com os melhores beats e vocais da urban music nacional e internacional – como funk, pop, reggaeton, afrobeat e dancehall. Está presente principalmente em festas do circuito LGBTQI+ underground e alternativo de São Paulo, cenas que dialogam com a sua identidade musical e a livre representatividade de corpos, gêneros e sexualidades. Em 2019 tocou na Virada Cultural e no SP na Rua; já foi line up de festas como ‘Catuaba: a festa’, ‘PopPorn’, ‘Rebobinights’, ‘Festa VHS’, ‘Toda Grandona’ etc, além de grandes blocos do carnaval paulistano como o ‘Sereianos’ e ‘Chacoalha Bichona’.