POEMA
Por Valéria Soares
– Meu Deus!
– Não acredito!
– É você mesma?
– Sou eu. Em carne e osso.
– rsrs
– Quanto tempo…
– Muito.
– Posso te dar um abraço?
– Claro!
– Nossa! fiquei emocionada.
– Também fiquei.
– O que você está fazendo? Você mora aqui? Como está a sua vida?
– hahaha. Você não mudou nada…
– Pintei os cabelos… Dei uma engordadinha… Mudei sim.
– Não. Por dentro. Curiosa, agitada. A mesma energia.
– Mais ou menos. Mas diz, como você tá?
– Estou aqui. Parado. Emocionado. Olhando pra você.
– Você também não mudou nada…
– Era tão bom, né?
– Era.
– Você se lembra…
– Por favor, é melhor não entrarmos em detalhes.
– Por que não?
– Porque nada mais foi como naqueles tempos.
– Verdade?
– Você não me disse o que está fazendo.
– Realmente, você não mudou.
– Não.
– Pra mim também, nada mais foi como naqueles tempos.
– …
– A chamada para o meu voo.
– Me dá seu contato.
– Pra quê?
– Pra gente se falar…
– Acho melhor não…
– Por favor.
– Não será como antes. Melhor ficar na recordação.
– Não será. Será novo, diferente. Me dá seu contato?
– …
– Vamos! Não custa nada.
– Você nem sabe se tenho alguém e quer meu telefone?
– Eu sei.
– O quê?
– Que nos seus olhos têm a mesma emoção de antes.
– Para.
– Eu vi.
– É só a emoção do reencontro.
– Seu contato.
– Última chamada para meu voo.
– Última chamada…
– …