A pesquisa Juventudes e a Pandemia do Coronavírus, do Conselho Nacional da Juventude (CONJUVE) e organizações parceiras, revela o impacto da pandemia sobre jovens. Destacam-se os números sobre estudantes que pretendem ou pretendiam fazer o ENEM.

Em junho de 2020, de 29.156 jovens participantes da pesquisa, 52% não pretendiam fazer as provas do ENEM, 31% pretendiam fazê-las, enquanto 17% ainda não tinham decisão tomada.

Dos 13.861 estudantes que pretendiam realizar o exame em plena pandemia, 49% já pensaram em desistir de fazer o exame.

Com relação aos estudos para o ENEM, a pesquisa identificou que 67% não conseguiram estudar durante a pandemia.

Devido ao contexto altamente adverso, 57% das pessoas entrevistas afirmaram muita preocupação com o desempenho no Exame Nacional.

Ao contrário da enquete realizada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (INEP), que indicou maio como a data mais adequada na percepção de estudantes, o estado agendou as provas do ENEM para Janeiro de 2021.

A pesquisa Juventudes e a Pandemia do Coronavírus foi divulgada em junho de 2020. O anúncio das provas ocorreu um mês depois, em julho 2020. Não se conhece o grau de interferência da imposição da data nos planos de jovens estudantes que farão o ENEM. Ou não.

O que se sabe é que a edição do exame referente a 2020, tem o menor número de inscrições da última década.

 

Gráfico

Impactos pandêmicos: ENEM tem o menor número de inscrições, nos últimos 10 anos.

 

Diante da extrema covardia contra as juventudes periféricas de todo o país, o Fórum de Pré-Vestibulares Populares do Rio de Janeiro segue na campanha de cancelamento do ENEM 2020, iniciada em agosto passado.

NOTA A FAVOR DO CANCELAMENTO DO EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO (ENEM)

Ante a imposição de datas em Janeiro, desvirtuando a opção majoritária feita pelos/as estudantes das datas de maio em enquete realizada pelo próprio MEC, o Fórum de Pŕe-Vestibulares Populares do Rio de Janeiro vem por meio deste manifesto exigir o cancelamento total do ENEM, entendendo que, para os/as estudantes das escolas públicas, será impossível uma adequação a este novo calendário sem nenhuma possibilidade de estudos remotos (dadas as dificuldades de acesso, de falta de tecnologias apropriadas e internet de qualidade para tanto) ou presenciais (dado o necessário isolamento).

Não há diálogo com um governo que não respeita os/as estudantes, suas vidas, suas famílias e uma pandemia que já matou cerca de 100 mil brasileiros! Pelo cancelamento do Enem e contra a política educacional do MEC!

Mil mortes por dia. Escolas fechadas desde Março com pouquíssimos dias de aulas. Alunos/as em situação de crise financeira com responsáveis sem emprego, ou sendo explorados por salários miseráveis antes mesmo de uma crise sanitária. Ensino baseado na internet que o povo nunca teve acesso digno. Exclusão aumentando, desemprego explodindo. Exploração dos/as trabalhadores de entrega, muitos deles estudantes jovens de periferia. Mil mortes por dia.

Para o governo a vida parece normal. O presidente, mesmo com vírus, desfila na rua, abraça, toca seus seguidores. Não há política governamental para a Saúde. Não há sequer ministro da Saúde. Por que para a educação finge-se que está tudo normal? O aluno que tinha dificuldades para estudar diante de um/a professor/a em sala de aula vai solucioná-las através de uma tela? De um plano de internet que não tem? De um computador ou notebook que não possui? De um ambiente apropriado de estudos em sua casa que eles não dispõem?

A manutenção do ENEM, nesse contexto, configura um brutal ataque à popularização da educação. Nessa mesma linha de sabotagem, os governos estaduais e municipais avançam projetos genocidas de retorno às aulas presenciais; e nas universidades públicas, avança o projeto essencialmente excludente da normalização do Ensino Remoto. Estes ataques, junto com a manutenção do ENEM, configuram mais uma das inúmeras faces de aprofundamento da miséria e da desigualdade para a qual a pandemia tanto tem servido no Brasil, precarizando ainda mais a educação pública e a realidade de seus estudantes e trabalhadores.*

Seguimos na irracionalidade fingindo educar, fingindo formar. O vestibular, diante do que assistimos, passou a ser um sonho adiado, uma preocupação que não precisa consumir mais tempo dos/as nossos/as estudantes. Há necessidades maiores. Um/a jovem da favela e da periferia já enfrenta problemas na dita normalidade, o cotidiano já se coloca difícil. Em tempos de pandemia, esta dificuldade só aumenta, pois as operações policiais, por exemplo, não cessaram, como determina o STF, e a preocupação com sua vida, com sua sobrevivência, ante a Covid-19, é o que os move e nosso papel neste momento, como educadores populares e comunitários, é apoiá-los nisso!

Nossos prés, populares e comunitários desde sua essência, hoje se movimentam em campanhas de solidariedade para arrecadar cestas básicas, materiais de higiene e limpeza para amenizar uma das maiores preocupações de nosso alunado e de suas famílias: a fome. Se houvesse Estado presente, no sentido de cumprir com as obrigações básicas e suprir as necessidades do povo na maior pandemia de nossas gerações, nós poderíamos estar fazendo outras formas de trabalho com caráter voltado para assistência psicológica e outras ações.

Ao invés disso, o governo vem gastando um capital absurdo em cloroquina, milhões desviados em recursos que deveriam ser usados no Sistema Público de Saúde, e poderiam suprir essas angústias ditas acima. Mas como dissemos: não há respeito.

Os estudantes escolheram as datas de Maio e elas venceram a enquete criada pelo próprio MEC. O mesmo governo passou por cima desta escolha. Portanto, decidimos que não deve haver mais diálogo, não podemos confiar em mais nada que vier de Brasília. Não há sequer condições sanitárias de reunir milhões de nossos/as estudantes em Janeiro para a realização das provas e Maio segue ainda improvável porque, afinal, seguimos com mil mortes por dia. Até quando?

Compondo a elaboração e defesa desta nota estão os seguintes coletivos:

1 – Pré-vestibular Comunitário Machado de Assis (Providência)

2 – Pré-vestibular Popular Construção (Manguinhos)

3 – Pré-vestibular Ação Direta em Educação Popular – ADEP (Mangueira)

4 – Pré-Universitário da Biblioteca Engenho do Mato

5 – Pré-vestibular ANF (Agência de Noticias das Favelas)

6 – Preparatório Construindo o Saber

7 – Pré-vestibular Comunitário São José (Campo Grande)

8 – Preparatório Comunitário Paulo Freire (Beford Roxo)

9 – Ressignificando Olhares (São Gonçalo)

10 – Preparatório Social Estudando Para Vencer

11 – Só Cria – Pré-vestibular Popular da Rocinha

12 – VIVE – Vila Isabel Vestibulares

13 – Rede Emancipa de Educação Popular – RJ

14 – Movimento de Organização de Base – RJ – Pré-vestibular Comunitário Solidariedade

15 – Pré-vestibular São Francisco de Paula

16 – Projeto Formadores de Futuro

17 – Pré-vestibular Comunitário do CEASM (Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré)

18 – Pré-vestibular Comunitário Brota na Laje

19 – Movimento de Organização de Base – PR

20 – Movimento de Organização de Base – MG

21 – Preparatório Social Estudando para Vencer

22 – Mulheres na Resistência – RJ

23 – Nica Jacarezinho – RJ

24 – Pré Universitário Barros Terra – HUAP UFF

25 – Pré-vstibular Popular Educação para o Desenvolvimento Social

26 – Pré-vestibular Popular /Instituto de Formação Humana e Educação Popular

27 – Pré-vestibular Popular Bosque dos Caboclos (Campo Grande/RJ)

28 – Pré-vestibular Social Edu Leocádio (São João de Meriti)

29 – CEPI – Centro de Educação Popular Inhaúma

30 – Ação Comunitária da Zona Oeste – ACAZO

31 – Pré-vestibular Comuns Batan – Realengo

32 – Pré-vestibular Social Barros Terra – Medicina UFF

33 – Pré-vestibular Popular do Cerro Corá – RJ

34 – CAp Popular – Curso Preparatório Popular

35 – Pré-vestibular Social Ação

36 – Pré-vestibular Comunitário Nós por Nós – Por uma educação emancipadora nas periferias

37 – Pré-vestibular Comunitário Bonsucesso

38- Pré-vestibular Comunitário Solano Trindade – Duque de Caxias

39 – Associação de Pós-graduandos da UFF Marielle Franco

40 – Pré-vestibular Comunitário IBCBL (da Igreja Batista Central do Bairro da Luz – Nova Iguaçu, RJ)

#CancelaENEM