Por Redação CRITERION.HN

O comparecimento de Juan Hernández diante do Congresso de Honduras foi descrito como um “show” pelo deputado do partido PINU (Partido Innovación y Unidad Social Demócrata), Luis Redondo, um dos primeiros a reagir às declarações das quais o presidente quer se desvincular e que são as últimas acusações contra ele por corrupção e tráfico de drogas.

Redondo questionou que Hernández, a quem qualificou de “cínico e criminoso”, tenha usado o Congresso Nacional “como plataforma para mentir, eles nos transformaram em um governo narcotraficante” e também atacou a Diretoria Legislativa que não deveria ter permitido o comparecimento. “Eles são cúmplices”, indicou.

Em relação às declarações do presidente que, com um rosto sombrio, defendeu mais uma vez sua luta contra o narcotráfico em meio a pedidos para que renuncie, o parlamentar levantou a questão de “quantos narcotraficantes do partido (Nacional) estão extraditados e receberam o pedido de extradição, quantos corruptos impunes, quantos corruptos em liberdade estão gozando da impunidade?”.

Ele esclareceu que a líder da bancada do PINU, Doris Gutiérrez, “abandonou esse show dos nacionalistas e seus aliados no Congresso Nacional”.

Também se uniu ao apelo solicitando a renúncia de Hernández e declarou que os membros do Conselho de Defesa e Segurança Nacional “também estão envolvidos no tráfico de drogas”.

Para o deputado, as declarações de Hernández, dizendo que acordos (como o de extradição) podem se desmoronar são uma “ameaça direta aos Estados Unidos”.

O ex-presidente Manuel Zelaya também se referiu ao que disse Hernández, que, em sua opinião, “se despede com um discurso falso diante dos militares e da diretriz do CN. Ele sabe que, ao deixar a presidência, será acusado pelos Estados Unidos de conspirador CC4 (conspirador número 4) pelo narcotráfico”. Da mesma forma, uniu-se à convocação geral da sociedade, “você deve renunciar”.

Por sua vez, a ex-deputada do Partido Libre, Beatriz Valle, afirmou que “a mitomania do narcotraficante é impressionante… que cinismo”.

Enquanto Hernández pronunciava seu discurso, o hashtag “JuanOrlandoEsNarco” se posicionou no topo das tendências no Twitter, seguido por #FueraJOH.

“Enquanto as autoridades se defendem com unhas e dentes, nós, hondurenhos, queremos saber se o Ministério Público vai agir e começar uma investigação”, comentou o deputado do Libre Jorge Cálix. O não cumprimento, acrescentou, “deixará claro que são cúmplices da corrupção e do tráfico de drogas”.

Cálix também aderiu ao apelo para que Hernández renuncie ao cargo de presidente.

Afirmou que os deputados do Libre não foram convocados para a reunião dos líderes de bancada e do Conselho Nacional de Defesa e Segurança, e que “os conservadores estão contando suas mentiras entre si”.

Por sua vez, a pesquisadora científica hondurenha Mary Vallecillo, residente nos Estados Unidos, lembrou que “as acusações e denúncias aqui são baseadas em evidências suficientes para sustentar um caso… não se trata apenas de fofoca, ‘más intenções’ ou ‘vingança ‘”, aludindo ao discurso vitimizado de Hernández.

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Em termos semelhantes, o ex-candidato presidencial, Bernard Martínez, considerou que o presidente “com cara de bobo queria apresentar um sentimento de pena que não funcionou para ele”, e também exigiu sua saída imediata junto com o gabinete. “Renunciar ao poder executivo é um ato de coragem de alguém que está livre de todos os laços com o crime organizado”.

Também a ex-diretora de Medicina Forense, Julissa Villanueva, referiu-se ao apelo de vários setores da sociedade hondurenha para que Hernández deixe a Presidência, “chegou a hora de nos unirmos todos e ser parte da oposição” e pediu deixar para trás a indiferença e lutar para recuperar o país.

Diversas organizações fizeram apelos solicitando renúncia do presidente hondurenho, entre elas, o Conselho Nacional Anticorrupção, o Movimento da Pátria e Convergência contra o Continuismo, o Fórum Social para a Dívida Externa e Desenvolvimento de Honduras (Fosdeh) e a Plataforma Nacional de Políticos Negros de Honduras (Planapohn).


Traduzido do espanhol por Mercia Santos / Revisado por Graça Pinheiro