Na semana passada Humberto Maturana faleceu aos 92 anos. Ele fez contribuições significativas para o estudo, conhecimento e entendimento dos seres vivos. Teve uma criação científica abundante e entendeu, como poucos, aos seres humanos. Fez grandes contribuições para biologia, filosofia, sociologia, teoria de sistemas e educação. Apesar de suas grandes contribuições, foi pouco ouvido e compreendido pelas elites.

Humberto Maturana foi um cientista de excelência capaz de se comunicar com as pessoas porque foi um apaixonado pela linguagem e propôs que os seres humanos vivessem juntos na linguagem.

“Como a coexistência humana se dá com a linguagem, quando aprendemos a ser humanos aprendemos ao mesmo tempo a linguagem, em um contínuo emaranhamento e emoções enquanto vivemos. Eu chamo isto de conversa, este emaranhamento de linguagem e emoções. Por isso o conviver humano se dá de fato na conversa”.

Como seria importante se nossas elites entendessem que a convivência humana se dá na conversa e não na repetição de slogans e frases sem fundamento que são ditas desde o pódio que só tem acesso quem acredita ser dono da verdade.

Maturana, como cientista, teve a humildade de reconhecer que a objetividade não existe e é utilizada para subjugar os outros. A convivência acordos é dada em comum acordo e, para isso, a linguagem e a prática são fundamentais. Esse é o processo de socialização que se vê ameaçado pelo enquadramento da elite em grupos endogâmicos que não conversam e nem dialogam uns com os outros.

Não é por acaso que os cidadãos têm pouca confiança nas instituições. A última pesquisa do CEP informa que as instituições com nível de confiança abaixo de 20% são as igrejas evangélicas e católicas (17%), empresas privadas (14%), tribunais de justiça (12%), televisão e ministério público, (11%) governo (9%), congresso (8%) e partidos políticos (2%).

Infelizmente no Chile e, em geral, na América Latina, as elites não dialogam com a ciência. Os cientistas não são ouvidos quando se trata de políticas públicas nem para renovar o modelo atual de desenvolvimento rentista e extrativista. A ciência é notada como um luxo que o país não pode pagar sob pretexto das necessidades da população.

Na Fundación Semilla valorizamos e nos enriquecemos com a diversidade. Somos estudiosos e reconhecemos Humberto Maturana como um grande intelectual de senso comum. Por isso, nossa pequena homenagem a sua vida e trabalho tem sido a divulgação desta citação que nos interpreta plenamente:

“Hoje em dia o problema da educação não é de inteligência, mas de emoção. Se eu não me identifico com os outros e não os valorizo como iguais, com suas próprias emoções e sentimentos, não podemos educar. A educação não se trata de conhecimento, mas de encontros. Se eu guio meu olhar, então amplio minha compreensão e posso educar.”


Traduzido do espanhol por Ivy Miravalles / Revisado por Tatiana Elizabeth