A organização Philippine Misereor Partnership Inc (PMPI) expressa sua preocupação com a comercialização de arroz dourado geneticamente modificado (GM), aprovada pela Divisão de Agroindústria do Ministério da Agricultura filipino (DA-BPI).

É provável que o arroz dourado GM tenha efeitos imprevisíveis na saúde das pessoas, dos animais e de outras plantas, além dos potenciais riscos para a biodiversidade e o meio ambiente.  É também preocupante também porque, nesse caso, as grandes empresas de produção de sementes e de agroquímicos teriam vantagem em relação ao controle dos sistemas agrícolas de cultivo de arroz, que é a base da alimentação dos filipinos. Isso representaria um risco às sementes de arroz tradicionais dos pequenos fazendeiros do país. Em vez de promover a monocultura, o governo deveria investir sempre em hortas comunitárias e de quintal para diversificar as fontes de nutrientes tanto nas casas dos cidadãos quanto nas comunidades. 

Reconhecemos a necessidade de enfrentar o que se chama de prevalência dos problemas nutricionais, como a deficiência de vitamina A, considerada, por alguns especialistas, apenas um mito criado por corporações que se beneficiam disso. No entanto, esse problema não deve ser solucionado através do cultivo de geneticamente modificados. Há outras abordagens ecossistêmicas, como a agroecologia, a permacultura e a agricultura sustentável, que promovem uma diversificação dietética, melhoram tanto a saúde quanto a condição do solo e são economicamente viáveis.

Reivindicamos a necessidade de transparência nos resultados das avaliações, bem como a necessidade de haver testes independentes. Expressamos nossa dúvida acerca da capacidade do arroz dourado de solucionar a deficiência de nutrientes dentre os filipinos enquanto outros problemas sistêmicos ainda não forem resolvidos, como a provisão de alimentos, água, moradia e saúde.

Questionamos a necessidade do arroz dourado quando as há tubérculos e vegetais folhosos que já fornecem vitamina A. Questionamos quem vai, de fato, beneficiar-se dos lucros e da privatização dos sistemas alimentares, sistema que vai oprimir e trazer mais desigualdade aos nossos agricultores.

Pressionamos o governo, através do Ministério da Saúde (DOH) – Conselho Nacional de Nutrição (NCC), para que implemente o Plano Filipino de Ação para Nutrição 2017-2022 como parte integral do Plano de Desenvolvimento Filipino (2017 – 2022). Assim, conseguiremos atender aos diversos problemas nutricionais, como outras deficiências de nutrientes, nutrição materna, desnutrição, e até mesmo a fome.

Recorremos ao secretário William Dar, do Ministério de Agricultura, e ao diretor George Culaste, da Divisão da Agroindústria, para que reconsiderem suas decisões até que sejam feitas, junto aos agricultores, análises substanciais e avaliações independentes sobre os riscos de saúde, culturais e os impactos socioeconômicos.

Pedimos uma abordagem transdisciplinar e focada nas massas, a fim de resolver problemas da sociedade em vez de priorizar soluções temporárias propostas para gerar lucro.

Diga não à comercialização dos nossos sistemas alimentares! Basta com o arroz dourado!

Fontes:
1. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3936685/
2. https://www.nnc.gov.ph/phocadownloadpap/PPAN/18Sept_PPAN2017_2022Executive%20Summary.pdf

 


Traduzido do inglês por Ana Raquel Romeu / Revisado por Graça Pinheiro

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