POEMA
Por Valéria Soares
Grito eu
Gritas
Grita!
Gritamos os lamentos travados na garganta
A dor funda no estômago
A unha cravada na pele
A História que criou a ferida
A ferida que cicatrizou
A cicatriz que virou história
A História que cicatriz se tornou
Eu grito como réu
Eu grito como testemunha
Nunca, observador.
Grito o vivo
Grito o morto
Grito o ferido
Grito ao abastado
Sobre o desvalido
Grito e anuncio
Grito e agrido
Grito e acredito
Grito
Clamo
Proclamo
Reclamo
Grito que o silêncio é agudo
E fere com surdez os mudos.