MÚSICA

Por Renan Simões

 

A apoteose musical de Andarilho de luz, especialmente em seu libertador refrão, dá o tom do álbum O andarilho, lançado por Flávio Venturini em 1984. As composições são todas, exceto uma, do artista, em parcerias com Murilo Antunes, Márcio Borges e Ronaldo Bastos. As participações especiais ficam por conta de Nana Caymmi, Toninho Horta, Lô Borges, Milton Nascimento e 14 Bis, banda de Venturini. O registro é um compêndio de timbres e  ideias musicais inspiradas da música pop sofisticada dos anos 80.

A radiofônica O rouxinol é uma ótima viagem sonora, acessível a todas as idades, e conveniente a todas as ocasiões, ao passo que No trem do amor não consegue animar nenhum ambiente, embora esteja confiante que consiga. A reflexiva Tarde demais retoma o romantismo muito bem engendrado, enquanto a tocante São Tomé é uma grandiosa criação instrumental.

Até que Solidão é uma boa composição, mas a dramaticidade forçada da interpretação vocal dá uma estragada no todo. Essa má impressão é logo atenuada pelos ares progressivos de Caramelo, bem mais afeita ao repertório do 14 Bis, e completamente desfeita com a sequência Anjo bom e Trilhas; a primeira, um comovente dueto com Lô Borges, e a segunda, outra preciosa oferenda instrumental. A conclusão do registro pode não ser muito inspiradora, com a melosíssima Emmanuel e a entediante Leia meu olhar, mas Preciosa apresenta, mais uma vez, o suprassumo e maciez sonora de uma época.

Flávio Venturini, O Andarilho, romantismo psicodélico para todas as idades! Ouça, desfrute, reflita, repasse: