ECONOMIA
Por Sérgio Mesquita
O modelo de Produção Capitalista, ao longo de seus 300/400 anos, só se transforma. Hoje, em sua vertente financeira, continua a prestar serviço aos “donos do mundo”, adjetivo dado por Noam Chomsky aqueles que realmente mandam no mundo. E como reafirma Márcio Valley, aqueles que se recusam a sentar no trono, para não serem identificados. Conhecidos como “mercado”.
O Terceiro Setor, algumas empresas e governos, até tentam amenizar a vida dos empobrecidos pelo sistema. Vitórias são conseguidas e com justiça comemoradas, e só. Pois no conjunto da obra, não arranham o modelo de produção do capital. Os mais ricos continuarão mais e mais ricos e a distância entre os que mais têm para os que quase nada possuem, continua crescendo.
A verdade no Brasil, entre os anos de 2003 e 2016, é que a fome foi erradicada, 30 milhões saíram do estado de miséria, alcançamos índices de pleno emprego, e como colocavam as madames que, se acreditavam serem sócias do andar de cima, a empregada doméstica estava viajando de avião.
Um conjunto de políticas sociais, permitiu que a população como um todo, não só se sentisse melhor de vida, como também passou a ter um certo orgulho em ser brasileiro, “o melhor do Brasil, é o brasileiro”, ouvíamos senhores de si. Entre essas políticas sociais, uma se destacou: O Bolsa Família. Não era uma moeda social, era uma cunha para a discussão de uma Renda Básica Universal, um impulsionador para implantação de projetos similares pelos municípios do Brasil.
Neste ponto, Maricá merece destaque, pela particularidade de sua Moeda, a MUMBUCA, inspirada na moeda Palmas, no Ceará. Antes mesmo da desgraceira da COVID-19, a moeda apresentava números positivos de crescimento social, de geração de emprego e, o principal, uma melhora, mesmo que inicial, na qualidade de vida de sua população empobrecida pelo sistema.
A Mumbuca, aliada aos projetos de manutenção dos empregos de seus munícipes e de suas empresas (micros, pequenas e médias), e de seus trabalhadores informais, durante a pandemia, foi a “cereja no bolo”. Entre os municípios na casa dos 100 mil habitantes (160 mil estimados), Maricá foi o único a gerar emprego com carteira assinada no Estado do Rio, ao longo da pandemia. Reafirmando a quem quisesse ouvir que, existem saídas sim, para que as populações deste mundão, possam ter esperanças em uma vida com mais qualidade.
Mas só isso não nos basta. Os governos devem aliar suas políticas sociais, as demais políticas municipais. A transparência e a participação popular, precisam estar interligadas e interligando todas as políticas públicas. Isto posto, dificilmente o sistema continuará a ser impor, como vem se impondo ao longo dos séculos. Pois o sistema de produção do capital é o que determina hoje, como se dá a Educação, como se comportar os governos, como a sociedade deve ser egoísta e o pior, como ignorar o Ambiente, como ignorar Gaia.
Em Maricá, o governo ainda que de forma tímida, criou o MUMBUCA FUTURO. Um projeto que acompanhará nossos estudantes, do Fundamental ao Médio, desenvolvendo nos alunos a percepção da solidariedade e do cooperativismo. Um projeto que pode, em médio prazo, resgatar a nossa humanidade, junto com as benesses aqui colocadas.
Faz-se necessário, também mudar o nosso modelo de produção do conhecimento, para que se mude o modelo de produção do sistema. Um modelo apoiado no individualismo, no ecocídio, que se opõe fortemente à democracia. A inclusão social, deve ser acompanhada da solidariedade e do cooperativismo. Nossos oprimidos não devem sonhar serem opressores, nos alertou Paulo Freire.
Sérgio Mesquita
Servidor Público Federal