No dia em que Marielle Franco completaria 43 anos, a cidade do Rio de Janeiro receberá uma estátua em sua homenagem. A cerimônia de inauguração acontecerá no dia 27 de julho, no Buraco do Lume, Centro do Rio de Janeiro. O local é simbólico: era onde Marielle ia todas as semanas prestar contas à população acerca de seu trabalho como vereadora.
A estátua é uma iniciativa do Instituto Marielle Franco, criado após o assassinato da vereadora. Segundo a organização, mais de 600 pessoas fizeram doações para a obra. O objetivo é reverenciar a memória para lutar por novos futuros. No site do evento de inauguração do monumento se lê: “defender a memória de Marielle e de mulheres negras é gerar referências para as novas gerações e lutar por justiça e reparação”. A obra em tamanho real é de autoria do artista brasileiro Edgard Duvivier.
“É muito simbólico que num momento tão violento e confuso politicamente a estátua de Marielle seja inaugurada no Rio. Eu acredito que essa estátua pode nos ajudar a lembrar, a ter referência de mulheres pretas maravilhosas” afirma Raíssa Albano, antropóloga, educadora e integrante do coletivo Cartografia Negra, que se propõe a pensar, revisitar, conhecer e ressignificar alguns territórios negros históricos da cidade de São Paulo.
A inauguração da estátua de Marielle Franco ocorre dois anos após o movimento de derrubada de monumentos escravocratas em alguns países. O questionamento à esses símbolos partiu dos protestos antirracistas que ocorreram nos Estados Unidos, a partir do assassinato de George Floyd.
As discussões reverberaram no Brasil, e entre as ações de contestação se destaca o fogo na estátua de Borba Gato, em Santo Amaro, zona sul de São Paulo. Como resposta à falta de representatividade de pessoas negras nos monumentos da cidade, a prefeitura de São Paulo anunciou a homenagem a cinco personalidades negras: Carolina Maria de Jesus, Geraldo Filme, Adhemar Ferreira da Silva, Madrinha Eunice e Itamar Assumpção.
A inauguração do monumento de Marielle contará com missa, aula pública e slam. “É um momento de muita alegria, celebração. E luta, como sempre é para as populações pretas e periféricas do Brasil”, pontua Raíssa, que estará presente no evento.
Recentemente, no dia 15 de julho, o Instituto Marielle Franco lançou outro projeto de preservação à memória da carioca. Trata-se do “A Voz de Marielle”, uma plataforma que conecta as imagens da personalidade aos seus discursos. É possível ouvir as palavras de Marielle, por exemplo, em sua primeira fala na Câmara e no lançamento de seu primeiro PL (Projeto de Lei).
Marielle Franco era cria da favela da Maré, no Rio de Janeiro. Foi eleita vereadora com mais de 46 mil votos, e se tornou Presidente da Comissão da Mulher. Marielle era socióloga com mestrado em Administração Pública. Sua militância começou a partir de um cursinho comunitário na favela em que morava. A morte de uma amiga em um tiroteio também foi um dos motivos que a fez lutar na área de direitos humanos.
A vereadora foi assassinada em 13 de março de 2018: na ocasião, 13 tiros atingiram o veículo que ela e o motorista Anderson Pedro Gomes estavam. Quatro anos após o crime, o mandante do assassinato ainda não foi identificado.